O presidente do Conselho das
Finanças Públicas (CFP), Osvaldo Borges, apresentou, hoje, durante uma audição
parlamentar, o relatório de análise à Proposta de Orçamento do Estado (OE) para
2026, submetida pelo Governo à Assembleia Nacional. O presidente da referida
instituição considerou a proposta “coerente, prudente e sustentável”, embora
tenha identificado riscos estruturais que exigem atenção no próximo exercício
económico.
Durante a audição parlamentar
realizada pela segunda Comissão Especializada de Finanças e Orçamento, Osvaldo
Borges analisou os cenários macroeconómicos, as projeções e a consistência das
previsões governamentais, bem como o cumprimento das regras orçamentais
previstas na Lei de Bases do Orçamento. O documento apresentado aponta que,
para 2026, prevê-se um défice orçamental de 0,9% do PIB, com um saldo primário
positivo em termos de previsão, de 1,24%. Segundo Osvaldo Borges, significa que
excluindo os juros Cabo Verde poderá no próximo ano ter mais receitas do que
despesas, “o que é bom sinal em termos de sustentabilidade das finanças
públicas, porque o Governo não precisa recorrer a outros meios para financiar
os seus próprios investimentos”.
Em relação à dívida pública, o
presidente do CFP destaca que para 2026 prevê-se que a trajetória da divida
tenha uma tendência descendente, situando pela primeira vez abaixo de 100% do
PIB, ou seja, 97,4% em 2026. Porém, frisou que apesar da melhoria, o valor
ainda ultrapassa o limite dos 80% estabelecido pela regra orçamental da Lei da
Bases, sendo, portanto, um objetivo ainda por cumprir.
O auditado salientou, também, os
investimentos destinados à componente social no Orçamento de 2026, com um foco
acentuado no pilar social e sublinhou os avanços previstos na integração das
dimensões de género e clima, sendo esta última incluída pela primeira vez no
orçamento nacional – um passo que considerou relevante na incorporação de novas
prioridades de desenvolvimento.
No que se refere às previsões
macroeconómicas, considera o cenário projetado pelo Governo – crescimento de 6%
em 2026 – como “prudente e alcançável”, alinhado com as metas traçadas pelas
instituições nacionais e internacionais.
Apesar da avaliação globalmente
positiva, o presidente do CFP alertou para riscos que podem afetar a execução
orçamental, entre os quais, a situação financeira das empresas públicas, o
aumento das despesas com o pessoal, que cresceram 24,5% em 2024 e 12,9% em
2025, totalizando quase 38% em dois anos, a redução das despesas de capital
(investimento) em 23%, o que, embora contribua para a consolidação fiscal, pode
limitar o investimento futuro.