A Assembleia Nacional de Cabo Verde manifestou profundo pesar pelo falecimento de Carlos Manuel Tavares Lopes, nome artístico Romeu di Lurdis, realçando que a sua partida prematura “constitui uma perda irreparável para a cultura cabo-verdiana e para todos quantos acreditam na força transformadora da arte e da participação cívica”.
Ao
apresentar o voto de pesar, a secretária da Mesa da Assembleia Nacional, Anilda
Tavares, realçou que o nome e a obra de Romeu di Lurdis permanecerão vivos na
música e na alma cabo-verdiana, bem como o seu talento e o seu exemplo de vida.
Romeu
di Lurdis destacou-se como músico, compositor, poeta, ativista social e
político, deixando um legado artístico e humano de “rara sensibilidade e
profundidade”, asseverou Anilda Tavares, frisando que, o artista era conhecido
por unir tradição e modernidade, expressando na sua obra romantismo, esperança,
amor e compromisso social. “Era amplamente reconhecido como um homem sereno,
educado e profundamente ligado ao povo, mantendo um compromisso firme com as
causas sociais e culturais de Cabo Verde”, corroborou Anilda Tavares.
A
deputada do PAICV Adélsia Almeida enalteceu os trabalhos desenvolvidos pelo
artista a nível cultural como cantor, compositor, poeta e ativista comunitário.
Durante a sua intervenção, a deputada do PAICV reconheceu o seu papel ativo na
vida cívica e a sua participação em alguns atos eleitorais. Lamentou, ao fim, a
sua partida repentina e prematura. “Deixou uma enorme saudade, não só para as
pessoas que conviveram de perto com ele, mas também para aqueles que apreciavam
as suas composições que retratam a vivencia dos cabo-verdianos no seu
quotidiano”, conclui.
Do
mesmo modo, Antonieta Moreira, deputada do MpD, afirmou que o falecimento do
artista deixou a sua comunidade em profunda tristeza e de luto, sobretudo,
porque o artista sempre foi “amigo, especial, bondoso, carinhoso e sensível”,
principalmente com as causas sociais. Segundo Antonieta Moreira, o malogrado
sempre lutou por uma sociedade melhor e demonstrou a sua paixão pela poesia
ainda em tenra idade, transformando-as posteriormente nas músicas que encantaram
Cabo Verde e se tornaram uma marca indelével na cultura cabo-verdiana.
“Deixou-nos um grande legado, que eu acredito que não irá ser esquecido”,
ressalvou.
A
ministra dos Assuntos Parlamentares, Janine Lélis, expressou as suas
condolências em nome do Governo, declarando que o malogrado sempre foi
acompanhado pela força, pela palavra, pelo sonho, pela música e a fé no poder
transformador da cultura. Janine Lélis salientou que Romeu di Lurdis traçou um
caminho marcado pela “humildade e determinação”, que embora breve, foi muito
significativa. “Romeu foi acima de tudo um cantador comprometido com a verdade
social e com o amor à sua terra”, afirmou Janine Lélis, reforçando que, no seu
primeiro álbum, o artista partilhou os seus sonhos, inquietações e refletiu a
realidade nacional de forma crítica, mas com esperança e ternura.
Autor
de dois álbuns – Amoransa e Korason Abertu –, Romeu di Lurdis cantou, na sua
música, a identidade nacional e abordou temas como as relações humanas, a
condição feminina e as questões sociais. Dentre as suas composições mais
emblemáticas destacam-se “Txitxaru Fresku”, “Ranja ku mi”, “Fera na Sukupira”,
“Nha Rubera”, “Midjor Mai di Mundu”, “Imigrason”, “Sonhu Sufridu”, “Amargura”,
“Vida di Studanti”, “Paraízu Praia”, “Tirsidjadu”, “Boita na Fazenda”, “Mudjer”
e “Barku di Alentu”.
Além da carreira artística, Romeu di Lurdis, falecido no dia 9 de outubro de 2025, marcou a participação cívica e política, tendo sido presidente do Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS) e candidato em duas eleições autárquicas na Cidade da Praia.