Durante a audição parlamentar, o Procurador-Geral da República, Luís Tavares Landim, abordou as perspetivas para o novo ano judicial, destacando que a Justiça entra numa fase com melhores condições, mas também com maiores exigências para os magistrados do Ministério Público. Sublinhou que o funcionamento eficaz da Justiça depende de uma atuação coordenada entre a Assembleia Nacional, o Governo e os magistrados, reconhecendo os investimentos feitos pelo Estado em instalações, formação, implementação do Sistema de Informação da Justiça (SIJ) e a aprovação de importantes diplomas legais no Parlamento.
De
acordo com Procurador-Geral da República, com a entrada de 14 novos magistrados
e a melhoria do Estatuto da Classe, o Conselho Superior do Ministério Público
decidiu aumentar as metas mínimas de processos a serem concluídos, reforçando
que é preciso aumentar a produtividade para combater problemas persistentes,
como a morosidade e as pendências processuais. Luís Landim deixou claro que,
com melhores condições, a sociedade terá legitimidade para exigir melhores
resultados, explicando que as metas são revistas anualmente conforme as
condições de cada Comarca, como volume de processos, apoio policial e
dificuldades de acesso.
Segundo
afirmou o PGR, a maioria dos magistrados tem cumprido e até superado as metas
estabelecidas. Nos casos em que isso não acontece, os profissionais devem
justificar-se perante o Conselho, podendo ser acionada a Inspeção do Ministério
Público, e, se necessário, determinada uma inspeção extraordinária. Para 2024,
a Comarca da Praia, que concentra cerca de 77% da pendência nacional, recebeu 8
dos novos magistrados: São Vicente, São Filipe e Santa Catarina também foram
reforçadas conforme as suas necessidades.
Sobre
a ordem de tramitação dos processos, esclareceu que a lei não determina que
sejam julgados pela ordem de entrada, uma vez que a complexidade das
investigações varia. Ainda assim, foi estabelecida a obrigatoriedade de que uma
parte dos processos concluídos seja composta por casos mais antigos, para
evitar prescrições.
O
Procurador destacou, ainda, uma redução na entrada de crimes como violência
baseada no género, abuso sexual de menores, homicídios e tráfico de droga.
Atribuiu esta diminuição à atenção especial dada a estes crimes e ao trabalho
das autoridades na sensibilização da sociedade.
Por
fim, chamou a atenção para a situação dos oficiais de justiça, que continuam a
reivindicar melhores condições. Afirmou que a Justiça não pode alcançar os seus
objetivos sem esses profissionais, considerando urgente a resolução deste
dossiê para garantir o bom funcionamento do sistema judicial.