I SESSÃO ORDINÁRIA DE JULHO
O último dia da I Sessão Ordinária de Julho foi marcado por um intenso debate em torno das problemáticas do saneamento básico na Cidade da Praia. Os deputados do Movimento para a Democracia (MpD) e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) apresentaram leituras divergentes relativamente às competências do Governo e da Câmara Municipal, ao passo que a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) apelou à união de esforços para a definição de soluções concretas.
A
questão foi inicialmente suscitada pelo Presidente da UCID, na sua declaração
política. João Santos Luís revelou que apenas 30 por cento dos esgotos da
capital beneficiam de tratamento adequado, denunciando, ademais, que diversos
bairros convivem com fossas improvisadas, fossas a céu aberto e valas
contaminadas. Para o deputado, a ausência de atenção das autoridades
relativamente a este problema configura uma falha técnica e política grave.
Na
sua intervenção, o deputado Alberto Mello sustentou que a capital do país vive
uma situação contraditória, caracterizada, por um lado, pelos projetos
estruturantes do Governo e, por outro, pelo alegado incumprimento das
competências atribuídas à Câmara Municipal. O parlamentar do MpD qualificou a
edilidade como uma entidade “inoperante, que continua a prometer campanhas de
limpeza, mas falha até nas ações mais elementares de recolha de resíduos
sólidos”.
De
acordo com o deputado, o Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva,
canalizou vultosos recursos financeiros para a reabilitação de áreas urbanas, a
instalação de redes de esgoto, a implementação de projetos de drenagem, a
gestão dos resíduos sólidos e o reforço do Fundo do Ambiente. Em contrapartida,
Alberto Mello considera que a Câmara tem procurado imputar responsabilidades ao
Executivo, sem tomar medidas eficazes face às ribeiras obstruídas, aos montes
de lixo acumulado e às fossas a céu aberto. “A Câmara Municipal não pode
continuar a ser penalizada pela inércia e pela falta de capacidade daqueles que
deveriam governar”, asseverou o deputado, sublinhando que o caminho a seguir
passa pela responsabilização dos intervenientes e pela abordagem séria da
questão do saneamento urbano.
Por
seu turno, Carlos Tavares defendeu que o saneamento da capital deve constituir
uma causa comum, exigindo o compromisso concertado do Governo, da Câmara
Municipal e da população. “Sabemos que, no domínio das competências, cada órgão
de poder tem a sua responsabilidade. A rede de esgoto é da responsabilidade do
Governo, que tem revelado incompetência e incapacidade para resolver esta
problemática”, declarou.
Segundo
o deputado do PAICV, desde 2016 o Executivo tem anunciado a implementação de um
programa de melhoria do abastecimento de água e do saneamento nos bairros
periféricos da Cidade da Praia. Carlos Tavares acusou o MpD de adiar e ignorar
este projeto, e afirmou que o Governo não cumpriu nenhuma das nove promessas
feitas à capital. “O Governo precisa de respeitar a Praia e a vontade do povo.
O povo escolheu Francisco Carvalho com 63 por cento dos votos. A Câmara
Municipal da Praia tem trabalhado com afinco na resolução gradual dos problemas
de saneamento”, garantiu, em tom conclusivo.
A
deputada Zilda Oliveira alertou para o facto de a localidade de Achada Grande
Trás não dispor de rede de esgotos, chamando igualmente a atenção para a
poluição ambiental e visual que afeta o Porto da Praia. “Penso que, mais do que
procurar culpados e apontar dedos, devemos criar sinergias e procurar respostas
e soluções. A Praia é a capital do país, e creio que devemos encontrar caminhos
conjuntos para resolver estas questões”, defendeu.
Importa
salientar que esta sessão solene tem o seu término no final do dia de hoje. Com
efeito, a próxima Sessão Ordinária de Julho marcará o encerramento do ano
parlamentar.