II SESSÃO ORDINÁRIA DE JUNHO
No
segundo dia da II Sessão Ordinária do mês de Junho, o deputado Mário Teixeira
encerrou o debate sobre as Questões de Política Interna e Externa com uma
crítica contundente à ausência de propostas concretas por parte do Governo para
a remoção dos entraves que condicionam o desenvolvimento do sector privado em
Cabo Verde.
No
encerramento do debate, o parlamentar sublinhou a necessidade imperiosa de
adaptação das políticas públicas à dinâmica atual dos mercados e à aceleração
das transformações estruturais à escala global. “As medidas de ontem já não
servem para hoje”, afirmou, lamentando que o Executivo se tenha limitado a
relatar factos do passado, sem apresentar soluções inovadoras que respondam às
exigências do presente e às perspetivas do futuro da economia nacional.
Mário
Teixeira assinalou a “má qualidade da despesa pública como um dos fatores que
desencoraja o pagamento de impostos”, classificando a política fiscal em vigor
como desadequada. Questionou, ainda, a eficácia da lógica atualmente adotada
para o apoio ao sector privado, sustentando que é necessário redefinir o
enfoque: “É preciso mudarmos do mercado para as empresas, analisar os mercados
e preparar os jovens para responder às oportunidades internacionais.”
Neste
contexto, o deputado apelou à realização de estudos que permitam identificar os
sectores nos quais Cabo Verde apresenta vantagem competitiva em mercados como
Portugal, Angola, a região da CEDEAO e os Estados Unidos da América. Em vez de
canalizar milhões de escudos para fóruns internacionais, sugeriu a instalação
de adidos comerciais nas representações diplomáticas estratégicas, com a missão
de recolher e disseminar informações relevantes, promovendo a articulação entre
as oportunidades externas e as empresas nacionais.
Outro
ponto fulcral da sua intervenção incidiu sobre o papel das compras públicas.
Mário Teixeira defendeu que estas devem ser utilizadas como um instrumento de
política económica ao serviço do país, favorecendo a participação das empresas
cabo-verdianas. Propôs, nesse sentido, que o Governo estabeleça uma percentagem
mínima das aquisições públicas a ser obrigatoriamente destinada a empresas
nacionais, como forma de dinamizar e fortalecer o tecido empresarial interno.
O
deputado alertou, ainda, para a realidade vigente no que toca às compras
públicas, criticando o “uso excessivo do ajuste direto” – que, segundo frisou,
deveria constituir uma exceção – e a ausência de critérios transparentes para a
constituição de listas restritas.
Em
tom conclusivo, Mário Teixeira enfatizou que a internacionalização das empresas
cabo-verdianas “tem de ser uma estratégia do Estado” e não pode ficar restrita
à iniciativa exclusiva do sector privado.