As deputadas cabo-verdianas apresentaram, hoje, o estado da igualdade de género no país, no último dia da reunião da Rede de Mulheres Parlamentares, sublinhando que as mulheres já se encontram plenamente aptas para ocupar cargos de liderança. As deputadas Carla Carvalho e Carmem Martins, partilharam as suas reflexões sobre a autonomia física, económica e a capacidade de tomada de decisões da mulher cabo-verdiana.
No
que respeita à autonomia física, Carla Carvalho salientou o aumento da
esperança de vida no país, destacando que 90% dos partos são assistidos por
médicos qualificados. No entanto, no que concerne à autonomia na tomada de
decisões, a deputada considera que Cabo Verde ainda tem um longo caminho a
percorrer.
“Os
cargos de decisão ainda são ocupados por homens. Isto implica um trabalho junto
dos partidos”, sintetizou Carla Carvalho. A deputada defendeu que o país deve
ampliar a Lei da Paridade, incluindo o Governo, de forma a garantir mais
igualdade de oportunidades no acesso às profissões.
Em
relação à autonomia económica das mulheres, Carmem Martins sublinhou que o país
está consciente dos seus desafios e tem lutado para garantir a igualdade de
género. A título de exemplo, a deputada mencionou o programa POSER, que visa a
sustentabilidade, resiliência e inclusão da população rural.
“Temos
consciência de que precisamos das mulheres nos cargos de liderança para
conduzir Cabo Verde rumo ao desenvolvimento”, afirmou. Carmem Martins explicou
às seis delegações presentes que em Cabo Verde é possível identificar uma
segregação no mercado de trabalho, com os homens a ocupar cargos de decisão,
enquanto as mulheres continuam encarregadas dos trabalhos domésticos.
“Em
Cabo Verde, as políticas direcionadas à mulher focam na promoção da igualdade e
da autonomia, através de investimentos na educação e na qualificação
profissional”, argumentou. Para concluir, Carmem Martins criticou os discursos
que rotulam a mulher como o “rosto da pobreza” e que fomentam a rivalidade
feminina. A deputada defendeu que é urgente mudar esses discursos, que
descredibilizam e rebaixam a mulher, e promover a unidade das mulheres em torno
de objetivos comuns.