Os deputados nacionais reuniram, hoje, para debater a proposta de Lei que aprova o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR) do pessoal docente, em sede de especialidade. Os eleitos nacionais membros da 1ª e 5ª Comissão Especializada apresentaram posições divergentes quanto aos agentes e aos vínculos precários no sistema educativo cabo-verdiano.
A
reunião conjunta das duas Comissões foi dirigida pela Presidente da 1ª Comissão
Especializada, Carmen Martins, e pelo Presidente da 5ª Comissão Especializada,
José Eduardo Moreno. O encontro também contou com a presença da Ministra da
Modernização do Estado, Edna Oliveira, e do Ministro da Educação, Amadeu Cruz.
Durante
o debate do artigo 5º, com a epígrafe de “Pessoal Docente que subsiste nos
respetivos cargos”, o Grupo Parlamentar do PAICV apresentou uma proposta que
propõe que os docentes que não concluírem a licenciatura, devem ser transitados
para o PCFR e permanecer nos seus lugares e cargos, com todos os direitos e
regalias salvaguardados. Julião Varela sublinhou que o partido é a favor da
transição automática para o PCFR sem que esta ação seja condicionada por nenhum
fator.
O
deputado António Monteiro salientou que o grau da licenciatura não confere
maior ou menor habilidade para assumir a uma função de professor, destacando
que a “licenciatura não confere todas as aptidões para lecionar no nível
primário e no nível secundário”. O deputado da UCID entende que o artigo vai
excluir os professores que não tiveram a chance de fazer uma licenciatura e
que, no entanto, exercem com “maestria e integridade” as suas funções. A UCID e
o PAICV sugeriram a queda do artigo 5º e a permanência das regalias aos
docentes.
Francisco
Sanches, por sua vez, acredita que o referido artigo é claro nesta matéria e
defende que a proposta do Governo não está a excluir nenhum docente e nem a
tirar os direitos e regalias dos professores. “Podemos ver que todos os
docentes que não possuem cargos com grau mínimo de licenciatura continuam com
os direitos e regalias assegurados”, pontuou, acrescentando que a proposta
permite que os docentes concluam sua licenciatura com serenidade.
Em
resposta à proposta do PAICV, a Ministra Edna Oliveira destacou que “não existe
nenhuma divisão” e que a proposta da oposição é “inaceitável”. A Ministra que
tutela a pasta da Modernização do Estado defendeu que um docente que transitou
para o PCFR não pode continuar a ocupar o mesmo cargo da carreira anterior, na
medida em que a estruturação da carreira do PFCR é diferente do estatuto.
Outro
ponto que causou a divergência entre os deputados foi o artigo 4º, nº 2, que
define o agente como um docente que exerce a função fora do quadro do pessoal
docente, mediante um emprego público, num contrato a termo certo ou incerto.
Julião Varela propôs a troca da palavra agente por docente.
A
deputada Zilda Oliveira partilhou a mesma posição que o deputado do PAICV,
ressalvando que o partido não é a favor de uma “divisão da classe em agentes e
docentes”. “Acreditamos que o vínculo estará condicionado à transição do PCFR e
essa transição está condicionada a um grau de licenciatura. Nós entendemos como
uma divisão desnecessária e queremos que seja retirada a expressão”, evidenciou
a deputada da UCID.
A
proposta do PAICV da retirada dos agentes no artigo obteve 12 votos contra e
seis votos a favor, fazendo com que a alteração fosse rejeitada. Em declaração
de voto, a deputada Ana Paula Moeda frisou que a classe não ficou convencida
com as explicações do Ministro, enfatizando que a proposta não apresenta uma
solução para os vínculos precários.
“A
pessoa não pode estar a dizer que é professor e ao mesmo tempo a dizer que ela
é agente, ou é professor ou é agente. Nós os deputados do PAICV temos uma outra
visão do serviço público”, advogou. Ana Paula Moeda terminou, afirmando que o
PCFR não vai resolver o problema da precariedade dos vínculos.
Numa
das suas intervenções, Amadeu Cruz definiu os agentes como aqueles que
desempenham uma função transitória na administração pública e não possuem um
vínculo de emprego. “Nós não estamos a dizer que deixam de ser docentes,
estamos a incorporar uma terminologia jurídica que consta da Lei de Bases”,
explicou. O Ministro da Educação afirmou que, independentemente do grau
académico e do vínculo com o Ministério, todos são docentes.
Por
outro lado, João Gomes ressaltou que o agente presta um serviço à administração
pública e quando passa a ter o vínculo com o Ministério de Educação passa a ser
docente. “O agente é uma classificação dada ao cidadão e o professor é aquele
que tem um vínculo laboral e fixo com o quadro da Administração Pública, ou
seja, não estamos a dividir professores em duas categorias.”, acentuou. Na sua
declaração de voto, o deputado declarou que todos os eleitos parlamentares
estão do lado dos docentes para transformar a proposta num documento que sirva
a classe dos professores.
De recordar que o debate sobre proposta que aprova o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR) do pessoal docente vai continuar.