Página Inicial ›› Notícias ››TRABALHOS PARLAMENTARES | Ministra da Justiça Enfatiza, em Audição Parlamentar, que o Topo da Magistratura Está Quase em “Défice”
TRABALHOS PARLAMENTARES | Ministra da Justiça Enfatiza, em Audição Parlamentar, que o Topo da Magistratura Está Quase em “Défice”
Publicado em:26.10.2024

A Ministra da Justiça, Joana Rosa, enfatizou, ontem, 25 de outubro, em sede da primeira Comissão Especializada de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos, Segurança e Reforma de Estado, da Assembleia Nacional, que o “topo das magistraturas praticamente está quase em défice”, visto que, para o Ministério Público, há, neste momento, um único Procurador-geral Adjunto, que o tem de representar junto ao Supremo Tribunal, ao Tribunal de Contas e ao Tribunal Constitucional. Com isso, entende que este não vai conseguir “dar vazão” a todas demandas.

Joana Rosa defende que “há a necessidade de se fazer funcionar verdadeiramente os serviços de inspeção, tal como previsto na Lei”, segundo a qual são compostos por um inspetor superior e três inspetores. Na prática, a ministra afirma que o estabelecido em sede da legislação setorial não se regista, “não por falta de vontade dos conselhos, mas devido à falta de juízes desembargadores para a estrutura judicial e de procuradores adjuntos para o Ministério Público”.

Quanto ao “défice” registado, Joana Rosa sublinhou que, no escopo da Magistratura Judicial, regista-se, todavia, a situação do Tribunal de Relação de Barlavento a funcionar com menos um juiz. Salienta que o Tribunal de Relação de Sotavento, por seu turno, se encontra a funcionar, também, com menos um juiz desembargador. Daí, sublinhar o facto de ter sido submetido ao Parlamento uma Proposta de Lei de Inspeção, que pretende garantir a “fiscalização da atividade nos tribunais, para que se possa, primeiro, ter um quadro claro de avaliação aos magistrados e da avaliação aos serviços dos tribunais”.

De acordo com a Ministra da Justiça, a avaliação irá “contribuir para aquilo que é a classificação do próprio magistrado. Quanto mais objetiva ela for, melhor será”. Nesta matéria, a proposta de avaliação das atividades dos magistrados, escrutina, antes de tudo, “a qualidade e a quantidade de decisões, os processos mais antigos, os menos antigos, os processos mais complexos, os menos complexos, o número de decisões proferidas na instância que sobem para o recurso que são providos e os não providos”, reforçou Joana Rosa.

Ao debruçar sobre outros aspetos que envolvem a justiça em Cabo Verde, a Ministra do setor judicial, que foi auscultada pela primeira Comissão Especializada da Assembleia Nacional, salientou que o Governo tem atuado, também, por meio de ações que visam essencialmente promover a reinserção social e preparar os reclusos para a vida fora das cadeias. Estas apostas do Governo centram-se em várias ações e programas, que conferem “outra dinâmica” às cadeias e reduziu o índice de reincidência criminal, que era na faixa de 27% e 33% e passou para os de 20% e 21%, devido ao resultado dos trabalhos realizados.

Joana Rosa avançou, também, que se desenvolveu um projeto de empregabilidade de mão da obra reclusa, para que, em consonância com a formação profissional proporcionado nos estabelecimentos prisionais e findo o tempo de cumprimento das penas, os reclusos possam ter um projeto de vida fora da prisão. Ele pode consubstanciar-se na forma de empreendedorismo ou autoemprego. É neste sentido que explicou a governante que se desenvolveu um programa que permitiu estabelecer uma mesa de diálogo com os empresários, permitindo a vários reclusos frequentarem estágios que reforçam as competências. Desta feita, alguns ex-reclusos já conseguiram emprego em empresas privadas. Para isso, “temos de trabalhar o estigma, temos é que dar confiança às empresas em como essas pessoas já estão preparadas para a vida fora”, complementou a Ministra da Justiça.

Uma outra aposta elencada por Joana Rosa é o trabalho feito na vertente musical, cujo projeto recente foi “Libertason”, que é um programa de músicas dentro da cadeia, com profissionais da área que já cumpriram a sua moldura penal e se encontram em liberdade, tendo escolhido a música como um modo de vida. No que concerne a este mesmo projeto, salienta a titular da pasta da justiça que se tem, ainda, um grupo dentro da cadeia a cumprir a pena e a desenvolver a atividade musical, de modo a encontrar na área musical um meio de subsistência quando tais reclusos estiverem em liberdade.

...............................................................

……………………………………………..

ASSEMBLEIA NACIONAL

REFORÇANDO A DEMOCRACIA EM CABO VERDE

 

© Assembleia Nacional. Todos os Direitos Reservados.