II SESSÃO ORDINÁRIA DE JUNHO
A II
Sessão Ordinária do mês de Junho teve início com o debate com o
Primeiro-Ministro, subordinado ao tema “O Presente e o Futuro da Economia
Cabo-verdiana: estratégias de crescimento sustentável e inovação”. Durante
a sessão, os deputados nacionais suscitaram diversas questões relativas à
situação dos transportes no país, apontando avanços e deficiências, ao mesmo
tempo que reiteraram as posições dos respetivos partidos sobre esta matéria
estruturante.
A
temática foi introduzida pelo deputado do PAICV, Démis Almeida, que solicitou
esclarecimentos relativamente aos contratos de ‘wet leasing’ celebrados
pelos TACV com a Air Senegal, a Global Aviation e outras companhias,
sublinhando que o requerimento para a entrega dos referidos contratos foi
aprovado por unanimidade pelo Parlamento há cerca de quinze dias.
Démis
Almeida exigiu explicações quanto à conetividade interna, que classificou como
“muito má e caríssima”. Como exemplo, indicou que o custo de um bilhete aéreo
na rota Praia-Sal ascende a 26 mil escudos, o que, segundo o próprio, constitui
uma situação “gravíssima”, denunciando que, por vezes, os preços praticados nos
voos nacionais são ainda mais elevados.
O
mesmo deputado criticou ainda o estado das aeronaves em operação, que, nas suas
palavras, são “velhas e desconfortáveis”, solicitando uma resposta concreta
quanto à operacionalização da nova operadora aérea doméstica, cuja entrada em
funcionamento foi prometida pelo Governo para o mês de Dezembro de 2024.
Por
fim, acusou o Executivo de permitir que o país pague mais de dois mil contos à
empresa Cabo Verde Interilhas por um serviço “que não cumpre as rotas marítimas
e com apenas duas embarcações a assegurar as ligações domésticas”. Reforçou que
“sem transportes não pode haver desenvolvimento e nem crescimento económico”.
Em
resposta, o deputado Aniceto Barbosa, do MpD, acusou o PAICV de ter vendido os
aviões anteriormente detidos pelo Estado e de ter contribuído para a retenção
de uma aeronave na Holanda, situação que deixou o país sem meios aéreos.
Sublinhou que o atual Governo, liderado pelo MpD, procedeu ao resgate e
reativação das companhias aéreas, contestando as alegações de degradação dos
aviões apresentadas por Démis Almeida.
Aniceto
Barbosa frisou que a certificação das operações aéreas impede a utilização de
aeronaves que não estejam em conformidade técnica, sendo a concessão de
licenças da exclusiva responsabilidade da Autoridade Aeronáutica. Por isso,
apelou a que não se questione a segurança operacional em Cabo Verde, dado que
existe uma entidade competente e devidamente credenciada para garantir o
cumprimento das normas, a qual “deve ser respeitada”.
Situação
dos Transportes na Ilha do Maio
Durante
o debate, a deputada Adelaide Brito, eleita pelo círculo eleitoral do Maio
(PAICV), abordou a situação específica dos transportes na ilha, considerando
que este setor “constitui um entrave ao desenvolvimento da ilha do Maio”.
Defendeu que uma ligação eficiente, regular e viável com a ilha de Santiago e
com outras regiões do arquipélago é condição essencial para a promoção de uma
nova dinâmica económica na ilha.
Segundo
a parlamentar, os setores da pesca, da agricultura e do turismo dependem,
inelutavelmente, da resolução dos problemas nas ligações, sendo necessária a
realização de viagens diárias com a ilha de Santiago, bem como ligações
ocasionais com o Sal e a Boa Vista. “Djarmai está parado no tempo, vítima de
sucessivos cancelamentos de voos e de viagens marítimas”, asseverou Adelaide
Brito, acrescentando que até ao dia 5 de Julho não será possível sair da ilha,
uma vez que não existem lugares disponíveis nos voos nem ligações marítimas
regulares. Esta situação, advertiu, coloca em risco o encerramento de atividades
por parte de operadores turísticos já estabelecidos e desincentiva potenciais
investidores interessados em desenvolver negócios na ilha.
Por
sua vez, a deputada Antonita Vieira, do MpD, reconheceu que, presentemente, não
se verifica estabilidade no setor dos transportes marítimos. Todavia,
esclareceu que a ilha tem sido servida por três voos aéreos semanais. Indicou,
ainda, que, apesar das dificuldades, a ilha do Maio não ficou, em nenhum
momento, completamente isolada, embora as ligações não tenham mantido a
regularidade anteriormente instituída pelo MpD, que previa voos às
quartas-feiras, sextas-feiras e domingos.