I
SESSÃO ORDINÁRIA DE MAIO
A questão da indignidade laboral, bem como as promessas feitas relativamente à ilha do Sal, dominaram o segundo dia da Sessão Ordinária de Maio. O tema foi introduzido pelo deputado Démis Almeida, ao apresentar as conclusões e reivindicações da população colhidas durante as jornadas parlamentares descentralizadas promovidas pelo seu partido.
Durante
estas visitas, o deputado salientou que a sua força política dialogou com a
população e com diversas instituições locais, o que permitiu uma nova perspetiva
sobre o sector laboral na ilha. “Constatámos que a ilha do Sal enfrenta uma
enorme precariedade e indignidade laboral, sobretudo nos sectores do turismo,
da hotelaria e da restauração. Baixos salários, uma carga horária laboral
excessiva, associada a jornadas de trabalho que impedem muitas mães e pais de
família de estarem com os seus filhos e de com eles conviverem”, detalhou.
Démis
Almeida denunciou ainda que alguns estabelecimentos recorrem a contratos de
prestação de serviços precários, que os trabalhadores têm sido alvo de assédio
moral e que muitos não beneficiam de cobertura da Previdência Social. Para o
deputado, o Governo tem-se revelado “omisso”, adotando uma postura de “desprezo
e violação” dos direitos laborais.
“O
luxo e o glamour dos hotéis e resorts da ilha do Sal contrastam de forma
chocante e desconcertante com as manchas de pobreza que persistem nos diversos
bairros de chapa, de papelão e de saquinha ainda existentes nesta ilha. O
Governo falhou glamurosamente na sua meta de erradicar esses bairros de chapa e
de papelão”, afirmou. O deputado defendeu que os 206 apartamentos construídos
não responderam adequadamente ao défice habitacional da ilha.
Démis
Almeida reiterou ainda as promessas feitas pelo Governo relativamente à
requalificação do Pontão de Santa Maria e da Praia de Santa Maria. Denunciou
também a ausência de profissionais de saúde e de equipamentos, bem como a
distância que muitos alunos têm de percorrer diariamente para aceder à escola.
Questionou, igualmente, o estado da estrada Santa Maria–Espargos, preocupação
partilhada pela população salense.
Em
resposta, a deputada Georgina Gemiê contrapôs, afirmando que nenhum Governo é
capaz de resolver todos os problemas acumulados desde 2016. “As situações das
barracas e a precariedade laboral não são de agora. O deputado Démis teve
oportunidade de exercer influência junto dos seus pares e demais ministros, mas
nada fez, porque estava confortável. Reconheço, sim, que o Sal enfrenta
problemas que devem ser resolvidos, e é importante trazê-los a esta Casa”,
sublinhou.
Georgina
Gemiê afirmou que o Governo não faz milagres, mas ressalvou que o executivo
promoveu mudanças significativas na ilha. Garantiu que as estradas prometidas
serão concretizadas, embora tais obras exijam tempo, para assegurar a
durabilidade dos investimentos. “O programa de reabilitação e erradicação das
barracas de Alto Santa Cruz e Alto São João não é uma miragem. Prefiro ver as
pessoas a viverem com dignidade, em vez de permanecerem naquela situação”,
declarou.
A
deputada do MpD descreveu ainda outros projetos implementados na ilha,
nomeadamente a atribuição de 124 casas do Programa Casas para Todos às
famílias, a transferência de 307 casas do mesmo programa para a Câmara
Municipal, e a disponibilização de mil lotes de terreno, com o intuito de
conferir maior dignidade aos salenses.