I SESSÃO ORDINÁRIA DE MAIO
Durante o período de questões gerais, as deputadas Clara Andrade (PAICV) e Vanusa Barbosa (MpD), eleitas pelo círculo eleitoral da ilha do Fogo, debateram a situação socioeconómica da região, com especial enfoque no município de Santa Catarina. As parlamentares discutiram os investimentos já realizados, os desafios ainda por superar e apresentaram diferentes perspectiva quanto aos caminhos a trilhar para a promoção do desenvolvimento sustentável da ilha.
Na
sua intervenção, a deputada Clara Andrade manifestou uma série de preocupações
constatadas durante uma visita ao círculo eleitoral do Fogo, salientando que
Santa Catarina do Fogo permanece “na cauda do desenvolvimento socioeconómico” e
carece de ações concretas e coordenadas entre os poderes local e central, com
vista a assegurar o bem-estar das populações, em particular das mais
vulneráveis.
De
acordo com a parlamentar, as preocupações reportadas dizem respeito a obras
essenciais, como o ordenamento urbano e a eletrificação da localidade de Chã
das Caldeiras, bem como ao acesso à zona da Fajã, que, apesar dos vultuosos
investimentos já realizados, permanecem inconclusas. Outro problema enfatizado
foi a proibição da apanha de jorra na localidade de Cabeça Fundão, sem que
tenha sido apresentada uma alternativa viável à população afetada.
Clara
Andrade denunciou ainda que o Centro de Dia, destinado ao lazer dos idosos, se
encontra atualmente a funcionar como centro de saúde. Questionou, por outro
lado, quando será efetivada a ligação da eletricidade em Chã das Caldeiras e
construída uma unidade de saúde moderna para a ilha do Fogo, nomeadamente nos
municípios de Santa Catarina e São Filipe, conforme prometido pelo Governo
desde 2016. A deputada do PAICV apelou também à preservação ambiental, criticando
a proibição seletiva da apanha de jorra em Cabeça Fundão, enquanto a extração
de inertes prossegue sem restrições noutras localidades.
Em
resposta, a deputada Vanusa Barbosa, do MpD, refutou as críticas e sustentou
que foi o atual Governo quem colocou a ilha do Fogo no “mapa do
desenvolvimento”. Realçou os investimentos realizados após a erupção vulcânica
de 2014, nomeadamente a construção das estradas de acesso à Chã das Caldeiras,
às localidades de Bangaeira e Portela, a partir de 2016, bem como a ligação
entre Piorno e Campanas de Cima, que, segundo afirmou, permitiu o
desencravamento da zona, impulsionou o turismo e assegura uma via de emergência
em caso de nova erupção.
Vanusa
Barbosa mencionou igualmente projetos financiados pelo Fundo do Turismo, como a
requalificação de aldeias rurais e trilhas ecológicas, num investimento
superior a 1,2 milhões de contos, para além das melhorias no parque escolar e
do reforço do apoio social na localidade de Cova Figueira.
As
intervenções evidenciaram as divergências entre as bancadas parlamentares
quanto às prioridades e à execução dos investimentos públicos na ilha do Fogo —
uma região que, segundo as deputadas, continua a requerer uma atenção especial,
face às suas vulnerabilidades e ao seu significativo potencial de
desenvolvimento.