I
SESSÃO ORDINÁRIA DE MAIO
Por ocasião de mais um aniversário do Município da Ribeira Grande, em Santo Antão, o deputado do PAICV, Albertino Mota, reconheceu os avanços significativos alcançados na região, mas alertou para uma realidade que compromete seriamente o seu desenvolvimento sustentável: a contínua e intensa saída de jovens, quer por via da emigração, quer por migração interna.
De
acordo com o parlamentar, este fenómeno deriva da falta de oportunidades, sendo
que os jovens recém-formados “não encontram incentivos que os cativem a ficar”,
o que leva à sua deslocação em busca de melhores condições de vida. Tal êxodo,
sublinha, resulta na perda de “pessoas, de recursos humanos e de
possibilidades”, afetando negativamente setores-chave como a agricultura, a
pesca, o turismo e o desporto.
Albertino
Mota apontou esta dinâmica como reflexo de um problema estrutural mais
profundo: “a ausência de investimentos estruturantes que há nove anos são
prometidos pelo Governo para Santo Antão, mas que continuam sem sair do papel”.
Entre tais promessas, destacou a construção de um aeroporto internacional, cuja
concretização, defende, não apenas melhoraria a mobilidade, mas transformaria o
ecossistema económico da ilha, reforçando a sua ligação ao exterior e criando
condições para fixar a população e gerar oportunidades locais. Por outro lado,
questionou os sucessivos adiamentos na expansão do Porto Novo, cujos efeitos
negativos se fazem sentir no comércio, na circulação de pessoas, bens e
serviços, e no turismo, especialmente o de cruzeiros.
Na
sua intervenção, o deputado do PAICV atribuiu estas omissões à “falta de visão
e vontade política”, defendendo que, apesar da sua resiliência histórica, a
Ribeira Grande necessita de progresso concreto, justiça territorial e de um
futuro digno para os seus habitantes.
Em
resposta, a deputada do MpD, Jaqueline Rocha, refutou a ideia de esquecimento
institucional, afirmando que “a Ribeira Grande não está esquecida”, e que “o
Governo está a investir no Município”. Como prova, referiu a recente
inauguração do troço de estrada entre Manuel Ribeiro e Gonçalinho, cuja
concretização contribui para o desencravamento do vale de João Afonso. Indicou,
ainda, que estão em curso as obras nas estradas de Fontainhas e de Caibros, bem
como intervenções de requalificação urbana na Orla Marítima de Ponta do Sol,
precisamente no espaço onde se realiza o festival Sete Sóis Sete Luas.
Adicionalmente,
destacou a instalação de uma nova Unidade Sanitária de Base em Ribeira da
Torre, com o objetivo de reforçar os cuidados de saúde primários e proporcionar
melhores condições de atendimento à população.
Na
mesma linha, Jaqueline Rocha mencionou outras iniciativas em andamento, como a
construção de um campo de futebol na Ribeira Grande e a concessão de subvenções
aos agricultores, destinadas à aquisição de equipamentos para sistemas de rega
gota a gota. Reiterou que “o Governo está a investir em Santo Antão e a cumprir
com os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral”.
Também
o deputado do MpD, Damião Medina, rejeitou a tese do abandono da ilha,
afirmando categoricamente que “Santo Antão não é uma ilha esquecida, nem a
Ribeira Grande é um concelho esquecido”. Segundo o parlamentar, a atenção do
Governo tem sido visível, sobretudo através da construção de vias de acesso que
têm facilitado o acesso à educação, à saúde e à circulação de bens e serviços.
Para
Damião Medina, o momento é de celebração, traduzido nos resultados do trabalho
desenvolvido e nos indicadores positivos já alcançados, embora reconheça que
persistem desafios. Acrescentou que o Executivo reafirma o seu compromisso com
dois projetos estruturantes considerados fundamentais para o desenvolvimento da
ilha: o novo porto e o aeroporto.
Esclareceu que, não obstante a complexidade das obras, o financiamento para a construção do porto já está assegurado através do fundo europeu Gateway, sendo o início da obra esperado para breve. Quanto ao aeroporto, informou que os trabalhos preparatórios já se encontram em curso: foi definido o local — nas imediações de Casa de Meio, em Porto Novo —, elaborado o plano diretor e concluído o estudo de viabilidade económica, que confirma a pertinência e sustentabilidade da infraestrutura.