Numa
das suas intervenções, o deputado Damião Medina afirmou que as estradas
construídas promovem a circulação de bens e serviços e garantem o acesso da
população cabo-verdiana à educação e à saúde. “O MpD não governou em tempos
normais. O partido assumiu o poder em tempos mais difíceis, marcados por secas
severas, pela pandemia e pelo impacto das guerras geopolíticas e comerciais”,
explicou.
O
parlamentar do MpD defendeu que o seu partido demonstrou visão e concretizou
projetos em diversos sectores da sociedade, em especial no domínio das
infraestruturas. “Neste momento, nós temos dezoito planos de detalhe em
execução no país”, revelou, acrescentando que, durante os Governos do PAICV,
registaram-se derrapagens orçamentais na ordem de seis milhões de contos no
porto de Sal Rei, dois milhões em obras aeroportuárias e um milhão de contos em
projetos rodoviários.
“No
passado, havia também o custo exorbitante de certas obras, como a derivação
para São Domingos, que rondou os 250 mil contos por cada quilómetro”,
sustentou. Damião Medina acusou ainda o PAICV de ter contratado empresas
criadas por ministros para fiscalizar obras públicas.
Por
outro lado, a deputada Rosa Rocha, do PAICV, qualificou como deficitária a
qualidade das estradas construídas sob a governação de Ulisses Correia e Silva,
apontando a existência de derrapagens orçamentais e o incumprimento dos prazos
estipulados. A parlamentar questionou o Governo sobre o ponto de situação das
obras prometidas, designadamente o hospital de referência na Cidade da Praia, o
aeroporto de Santo Antão, a ampliação dos quatro aeroportos internacionais, os
portos do Porto Novo e de Palmeira, o centro de saúde de Monte Sossego, bem
como o conjunto de estradas prometidas para cada uma das ilhas. “É necessário
ter em atenção que os compromissos assumidos foram com a efetiva construção e
não com a realização de masterplans e estudos”, frisou.
A
deputada do PAICV recordou que, em 2016, o MpD herdou um programa de
ordenamento que considerou robusto, contemplando planos setoriais para o sector
das infraestruturas. No entanto, manifestou dúvidas quanto à sua efetiva
implementação, assinalando uma incongruência entre os discursos dos
responsáveis governamentais: “O Ministro afirma que vai inaugurar o mesmo plano
que a Ministra disse já estar em curso. Diga à Nação como pretende executar
todos os projetos prometidos.”
Relativamente
a São Vicente, Rosa Rocha referiu-se ao terminal de cruzeiros e ao centro
ambulatório adjudicado em Novembro de 2019, com um prazo de execução de 18
meses, mas que, decorridos 40 meses, apresenta uma derrapagem de 249 mil
contos.
Ainda
sobre a ilha de São Vicente, a deputada Zilda Oliveira, da UCID, defendeu que
as obras nacionais devem responder aos anseios e interesses da população,
sublinhando que “a UCID concorda que existe um tempo de efetivação dos
projetos, com um faseamento necessário para a sua idealização e concretização”.
Questionou, nesse contexto, o Ministro sobre a obra do Cartório, cujo
financiamento já fora assegurado, mas cujas obras se encontram paralisadas.
“Preocupa-nos
que, muitas vezes, as obras não respondam às necessidades da população”,
declarou, apontando o complexo da Portelinha como exemplo dessa realidade.
Segundo Zilda Oliveira, “o complexo não retirou os são-vicentinos das casas de
lata e não cumpriu com o seu objetivo”.
Em resposta, o Ministro das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, Victor Coutinho, garantiu que a estrada entre Calhau e Mindelo contará com um novo modelo e novo financiamento. Na sessão plenária, assegurou igualmente que as obras do cartório serão retomadas.