II SESSÃO ORDINÁRIA DE FEVEREIRO
No
período de questões gerais deste último dia de trabalhos parlamentares, Carlos
Rodrigues, deputado do PAICV, acusou o Governo de não criar condições para
disponibilizar água para os agricultores de Santiago Norte, passados nove anos
desde a assunção do compromisso, e de "abandono" das barragens cheias
de água, para investir na mobilização da água através da dessalinização da água
do mar.
De
acordo com o deputado do PAICV, este problema é uma preocupação recorrente das
populações que vivem nas comunidades de Achada Ponta, Achada Fazenda, Ribeira
Seca e arredores, que pedem a inauguração da dessalinizadora.
Outro
assunto trazido por Carlos Rodrigues foi a situação dos trabalhadores que não
dispõem da cobertura prevista pelo INPS, apesar de realizarem seus descontos
para poderem ter os benefícios. O deputado afirmou que as instituições não têm
remetido os valores descontados para o INPS, fazendo com que os trabalhadores
fiquem sem cobertura médica e medicamentos, o que traz consequências graves
para suas vidas e para suas famílias. Por isso, ele exorta o Governo a
fiscalizar a lei e a fazer cumprir este direito dos trabalhadores.
Na
sequência das intervenções, David Gomes, deputado do MpD, pediu que o PAICV
reverta a situação da Câmara Municipal de Santa Cruz e que cumpra as obrigações
com os funcionários, resolvendo as questões ligadas à implementação do salário
mínimo, ao aumento salarial do quadro comum da função pública em 2,2% e à não
cobertura do INPS, apesar dos descontos efetuados.
Quanto
à falta de políticas de mobilização de água, o deputado do MpD acusou o PAICV
de ser o "culpado", pois "gastou 44 milhões de contos na sua
política falhada de agronegócio e cinco milhões na construção de barragens num
país onde a chuva é escassa e o clima é seco". Na mesma linha, concluiu
que, em vez de promover o emprego, o rendimento e a melhoria da qualidade de
vida dos homens e mulheres do campo, o PAICV "provocou a saída de 40 mil
habitantes do campo para a cidade, à procura de uma vida melhor".
Todavia,
Carla Carvalho, deputada do PAICV, expressou que “o Governo está a
descapitalizar a região de Santiago Norte e a deixá-la para trás”, visto que a
região continua a ser “a cauda do desenvolvimento do país, com piores
indicadores sociais e económicos”. Carla Carvalho acrescentou que o Governo
"abandonou" as infraestruturas da região, como as barragens, e outros
compromissos, como o Parque Tecnológico de Agropecuária, a certificação dos
produtos das ilhas, a organização e qualificação de produtos e do comércio
informal, a construção de portos de recreio de pesca e da via rápida Praia –
Tarrafal. “Se o país está a crescer, por que Santiago Norte não está a
crescer?”, questionou a deputada do PAICV.
Na
sequência, Carmem Martins, deputada do MpD, afirmou que “o PAICV nunca
acreditou em Santiago Norte” e investiu na região apenas na "lógica da
sobrevivência" de seus habitantes, “desacreditando que ela seja relevante
para o país”. A pergunta que Carmem Martins deixou para o PAICV foi: onde
estavam durante os 15 anos de governação, até Santiago Norte chegar à situação
atual?
No fechamento das intervenções, a ministra da Justiça, Joana Rosa, frisou que “não há descapitalização da região” e que o Governo tem investido em Santiago Norte, inaugurando obras quase todas as semanas, implementando e operacionalizando um modelo de desenvolvimento que faz municípios como São Miguel serem “bem concebidos e direcionados numa perspectiva de desenvolvimento turístico”.