Os deputados nacionais expressaram, hoje, diferentes leituras sobre a emigração e a saída de jovens qualificados em busca de melhores condições de vida. O tema da emigração marcou o debate com o Primeiro-Ministro, sob o tema “Crescimento Económico e Desenvolvimento Inclusivo”.
As
questões relacionadas com a educação foram apontadas pela deputada Adélsia
Almeida, que questionou o Governo sobre as medidas tomadas pelo executivo para
assegurar uma educação de qualidade aos cabo-verdianos. “O Primeiro-Ministro
disse que investiram no pré-escolar, mas esse investimento não tem tido
impacto, pois estamos a ver uma diminuição no número de crianças no
pré-escolar, com 20% delas fora da escola”, referiu a deputada do PAICV.
Adélsia
Almeida também abordou a questão do emprego, interrogando o executivo sobre o
papel dos kits de emprego e seu impacto na autonomia das famílias. “Os
cabo-verdianos estão a tentar sair a todo custo do país porque o Governo não
tem apresentado medidas sustentáveis de combate ao desemprego. Estamos numa
situação em que os empresários estão a ficar sem a sua mão de obra”, defendeu.
O
deputado Carlos Rodrigues também levantou a mesma preocupação acerca da fuga de
quadros do país. O deputado do PAICV explicou que, entre as pessoas que
emigram, estão indivíduos empregados, que viajam em busca de melhores condições
de vida e salários. “Hoje, estamos a ver jovens cabo-verdianos com formação
profissional, licenciatura e mestrado a sair do país por falta de oportunidades
aqui”, acrescentou.
Carlos
Rodrigues encorajou o Governo a realizar um estudo para apurar os principais
motivos da saída dos jovens e frisou que o executivo deve cumprir as promessas
e finalizar os investimentos prometidos desde 2016. Para o deputado, a
concretização desses investimentos vai impedir a fuga de cérebros, combater a
desestruturação das famílias e garantir empregos no mundo rural.
Em
resposta, Ulisses Correia e Silva informou que tem havido maior perda de mão de
obra no meio urbano do que no meio rural. O Chefe do Governo destacou que o
executivo vai implementar várias ações para prevenir essa perda, como a
implementação do novo regime de apoio à atividade pecuária.
Em
sua intervenção, Antonita Vieira sublinhou que a isenção da propina é uma das
medidas políticas que tem tido grande impacto nas famílias. “Esta isenção tem
um grande significado para as famílias mais pobres, pois, no passado, tínhamos
crianças e jovens que não frequentavam as escolas por falta de dinheiro para a
matrícula ou para o pagamento das propinas”, asseverou.
Para
a deputada Antonita Vieira, a isenção das propinas representa o fim do ciclo da
pobreza das famílias e a construção de um futuro mais sustentável. A deputada
destacou que o Governo trouxe novas políticas para a educação, como a refeição
quente, o kit escolar e o transporte escolar. “Até o momento, temos uma taxa de
cobertura de 86,4% no pré-escolar e o Governo subsidia o pré-escolar para as
famílias que não conseguem pagar. Se uma mulher tem um recém-nascido em casa,
pode deixá-lo nas creches”, evidenciou.
Antonita Vieira ressaltou que quatro mil crianças não pagam as taxas do pré-escolar e quatro mil universitários beneficiam das bolsas de estudo, promovendo a igualdade de oportunidades na educação.