I SESSÃO ORDINÁRIA DE JUNHO
Durante a sua intervenção no último dia da Sessão Ordinária de Junho, o deputado Vander Gomes (MpD), eleito pelo círculo de São Vicente, destacou o potencial transformador do novo Terminal de Cruzeiros para a dinâmica social, económica e cultural da ilha. Sublinhando o impacto estratégico da infraestrutura para o turismo nacional, o parlamentar defendeu que este novo equipamento representa muito mais do que uma plataforma de atracagem – constitui, nas suas palavras, uma “montra da cultura e da identidade” são-vicentina e cabo-verdiana.
Demonstrando
confiança nos efeitos multiplicadores que o terminal poderá gerar, Vander Gomes
traçou a expectativa de que o número de turistas possa crescer de mil para
cerca de 150 mil visitantes anuais, impulsionando significativamente a
visibilidade da cultura local e dinamizando setores como o artesanato, a
gastronomia, a música, a moda criativa, a arte urbana e outras expressões da
identidade insular. “O novo terminal só será uma vitória se os turistas saírem
de São Vicente com vontade de regressar, de explorar, investir e recomendar a
ilha. É mais do que um ponto de chegada – é uma montra do melhor que temos”,
afirmou.
O
deputado apelou à mobilização coordenada das autoridades locais, dos agentes
culturais e das comunidades, sublinhando que “o turismo deve ser uma força
multiplicadora de rendimentos, geradora de riqueza, criadora de orgulho e de
identidade”. Alertou, todavia, para a necessidade urgente de planeamento
estratégico, liderança esclarecida e ação concreta para acolher com dignidade e
eficácia o aumento esperado de visitantes. “O mundo virá até nós e, com
certeza, estamos preparados. Este terminal marca o início de uma rota atlântica
onde cultura e economia caminham juntas, onde identidade e inovação se
encontram”, concluiu com entusiasmo.
Em
resposta, o deputado João do Carmo (PAICV) recordou que o projeto da terminal
remonta ao ano de 2015, quando o Núcleo Operacional da Economia Marítima
recomendou a sua construção, tendo o Governo da altura conseguido assegurar 30%
do financiamento junto da cooperação holandesa. No entanto, criticou o atraso
de nove anos entre a proposta e a sua efetiva inauguração, resultado de
alterações implementadas pelo novo executivo. Apesar de reconhecer os
benefícios da infraestrutura, João do Carmo defendeu que São Vicente carece
ainda de investimentos estruturantes adicionais, alertando para a necessidade
de maior dinâmica por parte do poder local para que a ilha possa, de facto,
acolher e capitalizar este novo fluxo turístico.
Por
sua vez, a deputada Zilda Oliveira (UCID) saudou a inauguração do terminal
prevista para 21 de junho, mas advertiu que os desafios que se avizinham não
podem ser descurados. Destacou a expectativa de triplicação do número de
visitantes e questionou se o país se preparou, de forma proativa, para tal
realidade. A parlamentar apontou problemas concretos como a lixeira a céu
aberto na cidade do Mindelo, que tem vindo a afetar negativamente a vida da
população e pode constituir um constrangimento para o turismo.
Zilda Oliveira defendeu, em tom assertivo, a necessidade de um investimento sério e consistente na formação de guias e agentes culturais, bem como no reforço da iluminação pública, na melhoria das condições de segurança, na reparação de passeios e calçadas e na requalificação das redes de esgoto. Reiterou que só com uma visão integrada e articulada será possível maximizar os benefícios económicos e culturais do novo terminal e transformar São Vicente numa referência atlântica de hospitalidade, criatividade e sustentabilidade.