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SESSÃO ORDINÁRIA DE JUNHO
O deputado do MpD, Abraão Vicente, elogiou, hoje, a perseverança e a resiliência dos jovens emigrados, enaltecendo o espaço que a juventude tem vindo a ocupar nas áreas do desporto, da ciência, da cultura e da diplomacia. Na declaração política do partido, definiu a juventude como o início de um futuro e o símbolo da resistência, do sonho e da liderança.
Abraão
Vicente iniciou a sua intervenção com a afirmação de que os jovens não estão a
fugir do país, mas a “voar mais alto”. O deputado explicou que esta declaração
visa repor os factos e demonstrar que os discursos que retratam a emigração
como “tragédia, colapso e falência” são falsos e injustos para com a juventude
e para com o país.
Para
sustentar os seus argumentos, Abraão Vicente referiu que Cabo Verde registou
mais de 56 mil milhões de escudos em receitas fiscais, que a taxa de emprego
subiu em cerca de oito mil postos, sendo a maioria ocupados por jovens,
salientando que a base de segurança foi alargada. “Nunca tivemos uma geração
tão preparada. Jovens bilingues, globalizados, empreendedores, qualificados. O
Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, tem aberto caminhos, como com o
Acordo de Mobilidade da CPLP, que transforma a emigração em mobilidade
estratégica”, asseverou.
Reiterando
que a juventude é a solução de Cabo Verde, o deputado destacou que a emigração
jovem gera remessas, investimentos e consumo, assegurando a circulação de
competências, inspirando novas gerações e fortalecendo a ponte entre as ilhas e
o mundo. Reconheceu, no entanto, que existem desafios, sublinhando que tais
questões devem ser analisadas com seriedade, através da adoção de políticas
públicas e estratégias eficazes.
“Temos
jovens a brilhar na ciência, no desporto, na cultura, na diplomacia. Eles não
fugiram. Eles elevaram o nome de Cabo Verde. Eles não são uma geração perdida.
São uma geração global, que transforma a origem em orgulho e a partida em
potência”, prosseguiu. O parlamentar criticou os discursos da
oposição sobre a emigração, argumentando que a juventude emigrada regressa com
mais força e será capaz de conduzir Cabo Verde a patamares mais elevados.
Para
concluir, Abraão Vicente instou a oposição a deixar de usar a juventude como “arma
de propaganda barata” e questionou como explicam, então, o crescimento
económico, o aumento do emprego e o reforço da segurança social em Cabo Verde.
No
período de intervenção, o deputado Carlos Tavares caracterizou a realidade da
emigração como “dura, clara e desigual”, ressalvando que a diminuição
dos números não se traduz, necessariamente, em melhores oportunidades para os
jovens ou em empregos dignos. Para ilustrar a sua posição, o deputado referiu
que “a diminuição da taxa do desemprego está escondida na emigração e na
desmotivação de milhares de jovens que desistiram de procurar emprego”.
O
deputado do PAICV sublinhou que a juventude enfrenta desafios como a perda do
poder de compra, as dificuldades no pagamento das habitações e da alimentação,
a ausência de água canalizada nas casas e o elevado custo dos cuidados de
saúde. Carlos Tavares frisou que os dados revelam que 65% dos cabo-verdianos
acreditam que o país segue na direção errada e que nove em cada dez pessoas
reprovam a política económica do Governo. “O MpD vangloria-se do crescimento
económico e do PIB, mas o povo continua à espera de ver o impacto desta subida.
Perguntamos onde está este crescimento, que impacto teve? Para que pessoas?
Temos de falar a verdade: este crescimento não chegou à maioria dos
cabo-verdianos”, concluiu. Opinião partilhada, também, pelo deputado da
UCID, António Monteiro, que citou o inquérito ao mercado de trabalho, o qual
registou a perda de 12 mil empregos e explicou que esta descida demonstra que
há menos pessoas a trabalhar, apesar de o índice de desemprego se situar abaixo
dos 8%.
De
igual modo, António Monteiro referiu que “o país tem tido um crescimento
económico, aqui não há voltas a dar, é um facto. Mas este crescimento económico
não está a atingir a todos na mesma dimensão”. Para este parlamentar, no
ano em que se celebra o 50.º aniversário da Independência Nacional, é
necessário rever a distribuição da riqueza e honrar aqueles que contribuíram
para o Cabo Verde de hoje.