Os eleitos nacionais manifestaram, hoje, posições divergentes sobre a qualidade do ensino em Cabo Verde e a introdução do semestre zero para os estudantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). O semestre zero constitui uma sugestão de um estudo sobre o perfil do estudante PALOP realizado entre 2015 a 2021.
O
Líder do Grupo Parlamentar do PAICV, João Batista Pereira ressalvou que os
estudantes cabo-verdianos têm enfrentado dificuldades para adaptar ao nível de
ensino das universidades, o que, na sua opinião teria levado as universidades a
implementar o semestre zero. O deputado afirmou que o semestre zero é diferente
do ano propedêutico, porque o segundo permitia aos alunos estudarem até o 12º
ano de escolaridade em Cabo Verde, ao invés de Portugal.
“Naquele
ano, todos tiveram sucesso e conseguiram ser reconhecidos pela performance e
pelos resultados que obtiveram”, salientou João Batista Pereira, que considera
que o semestre zero vai ser “difícil” para os estudantes devido aos problemas
financeiros e a saudade das famílias. O deputado culpou o Governo de “manchar e
sacrificar” a imagem de Cabo Verde no exterior.
“Segundo
o conhecimento do Ministério da Educação, não há nenhum cabo-verdiano que tenha
sido submetido ao semestre zero e a medida não se aplica aos cabo-verdianos”,
informou o Ministro da Educação. Amadeu Cruz exteriorizou que o país tem uma
boa qualidade no ensino, ao mesmo modo, que entende que é preciso aprimorar o
perfil de saída dos estudantes que vão ingressar nas universidades.
Quanto
a este objetivo, destacou que a reforma curricular vai criar as condições e
capacitar os alunos em disciplinas lecionadas no mundo para evitar as
disparidades entre os estudantes nacionais e portugueses. Todavia, demonstrou
abertura para reconhecer os erros e aperfeiçoar os instrumentos de ensino.
Em
resposta às declarações sobre o semestre zero, Maria Trigueiros reforçou que o
semestre zero não é exclusivo para os estudantes cabo-verdianos, mas uma
sugestão para as universidades que recebem alunos dos PALOP. “É falso que foi
criado para os cabo-verdianos porque são o que menos deles necessitam [….] a
educação é um desígnio nacional que deve interpelar a todos, pois nela existe a
base da sustentação e desenvolvimento de qualquer país ou nação”, replicou.
A
deputada do MpD apontou alguns benefícios da medida como corrigir as lacunas em
algumas disciplinas, proporcionar aos alunos a familiarização com a pedagogia e
a ultrapassagem das barreiras linguísticas. Para Maria Trigueiros o semestre
zero é semelhante ao ano propedêutico criado pelo PAICV para evitar as falhas e
lacunas dos estudantes que ingressam nas universidades.
De salientar que a implementação do semestre zero para os estudantes PALOP é uma sugestão do estudo “Perfil do Estudante dos PALOP nas Instituições do Ensino Superior em Portugal: caracterização, expectativas, constrangimentos”, realizado pelo CEI- ICSTE de 2015 a 2021. Esta medida visa ajudar na integração dos estudantes nas universidades e combater a lacuna nos conteúdos lecionados nos países.
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