Os eleitos nacionais aprovaram, hoje, todos os artigos que compõem o Plano de Cargos, Funções e Remunerações (PCFR) do Pessoal Docente no âmbito das Comissões Especializadas. Os deputados nacionais analisaram os artigos e propuseram alterações aos pontos que abordam temas como férias, requerimento, bonificação, atividade sindical e aplicação de penas disciplinares.
A
deputada Zilda Oliveira trouxe uma inquietação com as escolas que colocam os
professores a lecionar disciplinas, que não fazem parte da sua formação, por
falta de professores. A deputada da UCID lamentou esta situação, frisando que
estes professores acabam por ficar sobrecarregados. A deputada mencionou que
estas situações ocorrem regularmente e questiona o governante sobre as medidas
que pretende tomar neste sentido.
Numa
intervenção, o Ministro da Educação, Amadeu Cruz esclareceu que o professor não
é obrigado a lecionar uma disciplina que não domina e não possui competências.
“O que pode ocorrer, é o professor de física dar aulas de matemática porque tem
áreas afins”, explicou Amadeu Cruz. O Ministro acredita que para ultrapassar a
situação é preciso atualizar o caderno de orientações pedagógicas.
No
debate do PCFR, a deputada Ana Paula Moeda solicitou a entrada de uma nova
alínea no artigo 81º. A proposta do PAICV estabelece que os professores que não
possuírem faltas e tiverem um desempenho superior a 70 pontos, ganham uma
bonificação anual que oferece mais cinco dias ao docente nas férias. A deputada
do PAICV explicou que a bonificação proposta pelo partido “não passa apenas
pela assiduidade, mas vem da conjugação deste dever com a avaliação do
desempenho”.
A
proposta não foi acolhida pelos deputados, tendo recebido 14 votos contra. Em
relação a esta bonificação, João Gomes questionou se a aprovação desta proposta
não implicaria a aplicação da mesma aos outros funcionários da administração
pública. “Não devemos distinguir entre professores, médicos, enfermeiros e
outros profissionais”, pontuou.
A
deputada do MpD, Vanuza Barbosa advogou que a pessoa que cumpre um dever não
deve ser galardoada, destacando que o partido é a favor da assiduidade
contribuir para o aumento dos pontos de desempenho. “Não precisamos bonificar
com mais cinco dias de férias para uma pessoa que cumpre um dever, acho que
estaríamos a fazer uma discriminação aos professores”, ressalvou.
Em
declaração, a Ministra da Modernização do Estado, Edna Oliveira afirmou que
todos os trabalhadores têm o dever de ser pontuais e assíduos. “Ter um
reconhecimento por cumprir um dever. Para mim, passa a ideia de que a classe
docente é desleixada e precisamos dar um prémio a quem está cumprindo suas
funções”, enfatizou. Edna Oliveira salientou que o professor que cumpre as suas
obrigações, acumula pontos de desempenho e evoluí com mais facilidade na
carreira.
A
deputada Zilda Oliveira descreveu a pontualidade e a assiduidade como valores
do trabalho, defendendo que estes valores devem contribuir para os pontos de
desempenho. “Eu sou de acordo que seja retirada a proposta do PAICV”, ressaltou
a deputada da UCID.
Outro
tema que gerou reações foi o artigo 84º que determina que o docente pode gozar
das férias mediante um requerimento. A UCID propôs uma nova redação ao artigo
que passa pela retirada da expressão “mediante requerimento do interessado”. A
proposta foi rejeitada com três votos a favor, 10 contra e três abstenções.
“Eu
sei como as escolas fazem a gestão das férias e não acredito que a introdução
do requerimento vai facilitar a gestão das férias. Por isso votei a favor da
proposta da UCID e contra a do Governo”, clarificou. Na declaração de voto,
Zilda Oliveira apontou que a UCID defende a aplicação do requerimento nos casos
de interrupção das férias, ressalvando que os parlamentares devem trabalhar
para desburocratizar os serviços.
“Temos
uma grande urgência para iniciar o ano letivo com todos os professores na sala,
suponhamos que as aulas vão iniciar no dia oito, o professor deve retornar das
férias. As férias devem ser gozadas entre o início e o fim do ano letivo”,
apontou Isa Gandira. A deputada mostrou-se a favor da proposta original porque
está confiante que a redação vai auxiliar na organização do sistema educativo e
na retoma do ano letivo.
Por
sua vez, o deputado Ailton Rodrigues frisou que o requerimento é uma forma de
prestar informação, destacando que o requerimento pode ser feito online ou por
aviso aos diretores. “É preciso saber até quando o docente vai estar ausente,
quando iniciaram as férias e quando termina. São informações necessárias para
os casos de alguma eventualidade”, reafirmou.
Vale salientar que a proposta de Lei que aprova o Plano de Cargos, Funções e Remunerações (PCFR) do pessoal Docente é composta por 109 artigos. A reunião conjunta da 1ª e 5ª Comissão Especializada decorreu por três dias e gerou reações dos três partidos com assento parlamentar.