A emigração da população cabo-verdiana, especialmente entre os jovens, foi tema de discussão durante a segunda Sessão Ordinária do mês de janeiro. Os deputados analisaram as diferentes causas que motivam este fenómeno, gerando reflexões e opiniões diversas sobre a temática.
O
deputado do Grupo Parlamentar do PAICV, João do Carmo, destacou que a juventude
cabo-verdiana está a abandonar o país porque “não acredita nos seus
governantes, nem no Primeiro-ministro de Cabo Verde”. Segundo o deputado, esta
descrença leva jovens formados e capacitados a emigrar. João do Carmo
questionou as razões subjacentes a esta tendência e criticou a atuação
governativa.
De
acordo com João do Carmo, existe um Governo “que não resolve os problemas dos
mais carenciados e daqueles que recebem 17 mil escudos”. Referindo-se a uma
declaração do Primeiro-ministro sobre a sua conta bancária ocasionalmente estar
negativa, o deputado ironizou: “Se até o Primeiro-ministro, com o seu salário e
as condições que tem, passa por isso, coitado daquele que recebe 17 mil
escudos”.
Em
contraponto, a deputada do Grupo Parlamentar do MpD, Isa Costa, defendeu que a
emigração é uma característica comum aos países insulares. Isa Costa sublinhou
que, há muito tempo, o número de cabo-verdianos residentes no exterior supera a
população residente no país, indicando tratar-se de uma questão histórica e
estrutural.
Alberto
Melo, também deputado do MpD, afirmou que os desafios atuais não resultam
apenas de decisões tomadas nos últimos anos, mas sim de problemas estruturais
que persistem há décadas. O deputado salientou que o Governo tem trabalhado
“arduamente” para enfrentar estas questões, com investimentos em educação,
formação profissional, promoção do empreendedorismo e iniciativas como as ‘startups’,
além de linhas de crédito para apoiar os jovens na criação de negócios e
incentivar a sua permanência no país.
Segundo
Alberto Melo, o atual Governo “valoriza” a opinião dos jovens e reconhece a
importância de incluir as suas vozes na formulação de políticas públicas. Para
o deputado, a emigração dos jovens cabo-verdianos não decorre de falta de
esforços governamentais, mas sim das vastas oportunidades criadas pela
globalização.