Durante a deslocação à comunidade de Salamansa, no âmbito da visita de constatação da situação resultante do recente estado de calamidade pública declarado em São Vicente, o Presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Sua Excelência Austelino Tavares Correia, acompanhado pelos Deputados da Nação eleitos pelo círculo eleitoral da ilha, manteve contacto direto com diversos segmentos da população local.
A comitiva parlamentar percorreu as ruas da comunidade, um pequeno vilarejo costeiro, afastado da cidade do Mindelo, encontrando-se com vários grupos de moradores que, em conjunto, procuravam recompor-se dos impactos devastadores da intempérie. A atmosfera era de luto, superação e reconstrução, com expressões de dor pela perda de vidas humanas e os múltiplos prejuízos materiais ainda visíveis no quotidiano da localidade.
Durante este percurso, os parlamentares encontraram-se com um grupo de três cidadãos, entre os quais o Presidente da Associação dos Pescadores de Salamansa, que prontamente traduziu o sentimento coletivo da população. Segundo o dirigente associativo, “os dias vão-se melhorando”, embora a mágoa pela perda de vidas humanas persista como o maior dos infortúnios. Em tom de lamento, declarou: “Ela não pode ser reestabelecida”, referindo-se à tragédia que vitimou três residentes da comunidade. Acrescentou, com consternação: “Nunca houve algo assim nesta comunidade”.
O Presidente da Assembleia Nacional e os deputados da Nação escutaram atentamente o testemunho, tendo reiterado, em resposta, palavras de conforto e solidariedade, ao mesmo tempo que partilharam o compromisso do Parlamento cabo-verdiano em contribuir para que a vida retome o seu curso normal, promovendo a melhoria das condições de vida dos cidadãos através de iniciativas estruturadas, em articulação com os restantes órgãos de soberania.
O representante dos pescadores expôs, de forma pormenorizada, os episódios vividos no dia da tempestade, sublinhando as múltiplas dificuldades enfrentadas: o bloqueio de estradas, a ausência de energia elétrica, a falha de comunicações telefónicas e, sobretudo, a incapacidade de resposta imediata às situações de socorro. O que mais o angustia, conforme relatou, foi o facto de que, mesmo estando inserido numa comunidade tradicionalmente coesa, as pessoas viram-se impedidas de acudir umas às outras, devido às condições extremas impostas pelo fenómeno climatérico.
Este diálogo direto com os cidadãos, nomeadamente com um representante de uma das atividades económicas basilares da localidade, permitiu aos parlamentares um levantamento mais exaustivo das necessidades reais da população. A partir desta escuta ativa, os deputados reforçaram a sua disposição de abordar, no seio da Assembleia Nacional, estas questões urgentes e mobilizar os mecanismos institucionais necessários à assistência das comunidades afetadas, promovendo o seu bem-estar e restabelecimento.
A Assembleia Nacional reitera, assim, o seu papel de escuta, representação e fiscalização, reafirmando o compromisso com o povo cabo-verdiano, particularmente com as comunidades atingidas por calamidades, numa perspetiva de intervenção colaborativa e responsável entre os diferentes órgãos da República.