II SESSÃO ORDINÁRIA DE MAIO

Na sessão parlamentar de hoje, os deputados debateram o estado de desenvolvimento socioeconómico da ilha de São Vicente, com destaque para questões como a zona industrial do Lazareto, o novo hospital regional e a expansão do aeroporto. Josina Fortes, deputada do PAICV, abriu o debate com críticas à alegada estagnação de projetos importantes para a ilha. Fez menção ao processo de negociação para a zona industrial de Lazareto, perguntando se já se “esqueceu de Lazareto ou se é São Vicente que não está no mapa do Governo para as indústrias”.

De acordo com Josina Fortes, há dois anos havia um plano de investir 30 mil no projeto. Porém, segundo a deputado, “está tudo parado”. Destacou, ainda, que há rumores de conflitos e impasses entre o Governo e a Câmara Municipal, que impede os avanços desejados.

Durante a sua intervenção, a deputada do PAICV abordou a situação do hospital regional, denunciando o atraso de mais de três anos nas obras, a falta de médicos especializados e a ausência de infraestruturas básicas como uma cozinha funcional. “Cinco anos sem uma cozinha num hospital é grave”, enfatizou a parlamentar.

Em resposta, o deputado do MpD, João Gomes, contrariou a posição da deputada do PAICV supracitada. Em defesa do Governo, afirmou que é preciso reconhecer os avanços e em ter em conta que há muitas coisas que estão a ser feitas. Deste modo, afirmou que no dia 21 de junho do ano civil vai ser inaugurado o terminal de cruzeiros. De acordo com o deputado, há outras obras estruturantes em andamento e que vão ser concretizadas em breve para servir toda a população.

Replicando, Josina Fortes afirmou que sempre “aplaude todo o avanço, venha de onde vier”, mas reconheceu que “há coisas sérias por resolver.” A deputada também questionou a forma como se procedem os investimentos públicos e alertou quantos aos problemas da dependência externa.

Já o deputado da UCID, António Monteiro, mobilizou dados económicos para o centro do debate. Segundo o deputado, em 2022, o censo empresarial apontou que Cabo Verde teve um volume de negócio à volta de 355 milhões de contos, dos quais São Vicente foi responsável por cerca de 120 milhões de contos do volume de negócios nacional em 2022, ficando atrás apenas de Santiago, que contribuiu com 138 milhões de contos. “A ilha merece condições proporcionais ao que contribui para o país”, defendeu, propondo uma rede de transportes inter-ilhas mais eficiente e um aeroporto com todas as condições técnicas possíveis para rentabilizar o potencial económico.

O debate prosseguiu com mais intervenções sobre as limitações técnicas do aeroporto de São Vicente e a promessa de expansão do Porto Grande através de financiamento europeu, conforme adiantou o deputado João Gomes.

A sessão evidenciou a divergência de visões entre os deputados sobre os avanços reais em São Vicente e a urgência de mais investimentos estruturais que acompanhem o peso económico e social da ilha.