II SESSÃO ORDINÁRIA DE MAIO
No
término dos trabalhos parlamentares da II Sessão Ordinária do mês de maio, a
deputada do PAICV, Eva Ortet, alertou para a situação da Ilha do Fogo,
apontando uma série de “constrangimentos estruturais e sociais” que afetam a
ilha. Na sua intervenção, realçou que Fogo sofreu um isolamento aéreo de nove
dias, não contando com ligações frequentes com a cidade da Praia, sendo que se
realizou apenas três conexões marítimas durante o mesmo período.
De
acordo com Eva Ortet, os problemas nos transportes marítimos e aéreos são
recorrentes, ‘agravando e dificultando’ o desenvolvimento do país e da Ilha do
Fogo. Além disso, frisou que, da visita feita ao círculo eleitoral da ilha do
Fogo, pôde constatar que “há bloqueios financeiros e falhas na comunicação
institucional, principalmente no município de Santa Catarina”.
Ao
elencar os desafios que a ilha sofre, mencionou que “a morosidade no
desbloqueio de fundos de turismo, de ambientes e de estradas, prejudica o
desenvolvimento das autarquias e há um défice preocupante na comunicação entre
o governo central e os municípios, exemplificados pela proibição unilateral de ‘apanha
de jorra’ em Cabeça Fundão e por decisões do governo central que ignora os
poderes locais”.
Uma
outra preocupação apontada pela deputada do PAICV tem a ver com a falta de
retorno de inúmeras tentativas de contacto com o responsável pela gestão do
Fundo do Turismo, para resolver o problema de transferência de recursos para o
município e problemas encontrados e não resolvidos na gestão da anterior equipa
camarária. Quanto ao Concelho dos Mosteiros, frisou que o serviço médico no
Centro de Saúde é ‘deficitário’ por causa da falta de pagamento de horas
extras, acabando por sobrecarregar o Hospital Regional com evacuações a partir
das 15 horas, pois o Centro não tem mais médicos de serviço a partir do
horário. Referiu que o Centro de Saúde de Santa Catarina que foi
remodelado está fechado por falta de mobiliário e a construção do centro de
raiz ainda é ‘apenas uma promessa’.
Por
fim, Eva Ortet apelou o Governo para que apoie os municípios que, mesmo com
poucos recursos, demonstram dinamismo e vontade de desenvolver-se, implementado
medidas urgentes como a manutenção de estradas, resolução dos problemas com
iluminação pública e abastecimento de água.
A
intervenção foi contestada pelo deputado Filipe Santos, do MpD, que argumentou
que o “Governo nunca investiu tanto na Ilha do Fogo como atualmente”, com
resultados ‘visíveis’ e um impacto direto na vida das pessoas. Desta feita,
enumerou a obra do Museu de São Filipe, o avanço na requalificação da orla
marítima nos Mosteiros, a modernização do aeroporto, a entrega de maquinaria
pesada e o financiamento do aterro controlado.
Nas
áreas de educação e saúde, Felipe Santos afirmou que foram reabilitados mais de
800 parques escolares e que os hospitais foram reforçados com mais médicos,
mais especialistas, mais equipamentos e outros meios, além da inauguração de um
centro de cuidados paliativos da Fundação Padre Octávio Fasano, em parceria com
o Governo de Cabo Verde.
Filipe
Santos enalteceu, ainda, a importância das estradas executadas, como a de Chã
das Caldeiras, como obras estruturantes para o turismo, a agricultura e com
impacto enorme na proteção civil. Além disso, enfatizou que dezenas de
embarcações foram revestidas com fibras e mais de um milhão de contos foram transferidos
para a Câmara Municipal de São Filipe.