A Secretária-Geral da Assembleia da República de Portugal, Dra. Anabela Ferreira, e o Secretário-Geral da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Dr. Angelino Coelho, procederam, nesta data, à assinatura formal de um ambicioso Programa de Cooperação Interparlamentar, que visa reforçar a colaboração institucional em domínios estratégicos como o apoio parlamentar, informação e cultura parlamentares, administração e finanças, relações internacionais e protocolo, comunicação institucional, tecnologias de informação, controlo e auditoria, bem como segurança e integridade física e documental. O referido Programa contempla um total de 40 ações estruturadas, com impacto direto no reforço da capacidade institucional das Assembleias.
Durante
a sua intervenção, a Dra. Anabela Ferreira salientou que o ato de assinatura
transcende os contornos de uma simples colaboração administrativa, assumindo-se
como uma parceria genuína entre países irmãos, alicerçada numa matriz
histórica, cultural e linguística comum, bem como no compromisso mútuo com os
valores do Estado de Direito democrático. Sublinhou que a partilha de
experiências entre os serviços das duas Assembleias permite construir
instrumentos de cooperação mais robustos, orientados para a excelência dos
serviços prestados aos cidadãos e para o reforço do papel fiscalizador dos
parlamentos.
A
responsável portuguesa reiterou, ainda, que esta parceria institucional se
afirma como pilar essencial no processo de consolidação democrática, recordando
que a preservação da estabilidade institucional, da legalidade e da segurança
exige um esforço coordenado e contínuo face aos desafios globais,
designadamente os conflitos armados e as ameaças transnacionais, como o
terrorismo.
Apesar
do contexto político decorrente da dissolução da Assembleia da República
Portuguesa – resultante da não aprovação de uma moção de confiança – Anabela Ferreira sublinhou que os serviços
administrativos e técnicos da Assembleia permanecem em pleno funcionamento, em
estrito respeito pelo princípio da neutralidade institucional. Esclareceu que
“os secretários-gerais não são nem devem ser atores políticos e, por tradição e
estatuto, têm mantido uma postura de imparcialidade e continuidade funcional”.
Importa
recordar que, em dezembro último, fora celebrado um Protocolo de Cooperação
entre os Presidentes das duas Assembleias, o qual agora conhece execução
prática por via deste Programa específico, simbolizando a vontade política e
técnica de aprofundar os laços parlamentares lusófonos.
A
visita oficial da Secretária-Geral portuguesa insere-se, assim, numa lógica de
diplomacia parlamentar ativa, e representa mais um marco relevante no processo
de internacionalização da Assembleia Nacional de Cabo Verde, afirmando-a como
parceira estratégica no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e no
plano das boas práticas institucionais à escala global.