I SESSÃO ORDINÁRIA DE MARÇO
No segundo dia da primeira Sessão Ordinária do mês de março, os parlamentares debateram, durante o Período de Questões Gerais, o crescimento económico do país, questionando e apresentando dados que procuram comprovar a real evolução da economia nacional. Durante a discussão, surgiram discordâncias entre os deputados, que confrontaram a realidade económica com a perceção dos cabo-verdianos, evidenciando diferentes interpretações sobre o progresso do país.
O deputado do PAICV, Julião Varela, afirmou que mais de 60% da população considera que o país “está a caminhar na direção errada e que a política do Governo não é eficaz”. No entanto, o Governo afirma que os cabo-verdianos estão a sentir o crescimento económico. De acordo com o deputado, o PAICV reduziu a carga fiscal para pessoas singulares e coletivas, apesar da reduzida taxa de crescimento económico, ao passo que as medidas adotadas pelo MpD “em todos os orçamentos dos últimos tempos apresentaram elevadas cargas fiscais”.
Outro dado apresentado pelo deputado do PAICV foi a diminuição do número de postos de trabalho. Conforme apontou, em 2016 havia 209 mil empregos, e em 2024 esse número caiu para cerca de 190 mil, o que significa um crescimento acompanhado de “destruição” de postos de trabalho, e que “não chega às pessoas”. Relativamente ao PCFR, Julião Varela questionou como é que algumas classes poderão beneficiar do crescimento económico se, durante todo esse tempo, não houve qualquer melhoria salarial, sendo que importantes camadas da população, como os pensionistas, ficaram excluídas deste programa.
Por sua vez, Celso Ribeiro classificou as alegações feitas por Julião Varela como “factualmente falsas”, justificando que os dados disponíveis apontam para uma taxa de atividade mais ou menos estável entre 2022 e 2024, em torno de 58%, segundo os dados do INE. Na sua intervenção, acusou o deputado do PAICV de “falsear a verdade dos dados”, ao comparar a sondagem, que reflete a perceção pública, com dados estatísticos reais provenientes de instituições credíveis. Celso Ribeiro acrescentou ainda que há crescimento económico e que o salário mínimo aumentou em 74% no setor público e 54% no setor privado.
Representando o Governo no segundo dia dos trabalhos parlamentares, a Ministra dos Assuntos Parlamentares, Janine Lélis, corroborou que “não estão a fantasiar os dados”, pois estes provêm do INE. A ministra enfatizou que é necessário compreender que perceção e realidade são duas coisas distintas, reconhecendo, ao mesmo tempo, a importância de melhorar a comunicação com a Nação, para alterar a perceção sobre o crescimento económico.
