Presidente da
Assembleia Nacional destaca importância de 13 de Janeiro para a Democracia Cabo-verdiana
No discurso alusivo ao Dia da Liberdade e da
Democracia, o Presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, destacou o
papel central de 13 de janeiro de 1991 na história política de Cabo Verde,
enfatizando os valores democráticos conquistados e a responsabilidade coletiva
de preservá-los.
13 de Janeiro: Um Marco na História de Cabo Verde
Durante a sua intervenção, Austelino Correia relembrou
que 13 de janeiro de 1991 representa um momento histórico marcante, quando os
cabo-verdianos foram chamados às urnas para as primeiras eleições
multipartidárias do país. Segundo o Presidente da Assembleia Nacional, este dia
simboliza a transição pacífica de um regime de partido único para uma
democracia pluralista, consagrando direitos fundamentais como a liberdade de
expressão e o direito ao voto livre e justo.
“O 13 de janeiro de 1991 é um marco indelével que
representa o dia em que as cabo-verdianas e os cabo-verdianos, com esperança do
tamanho do mar que nos abraça, perseverantes e com dignidade, enterraram as
sementes da Democracia e da Liberdade no pó da ilha então nua desses valores,
com a firme convicção de que a liberdade é o hino e o homem a certeza. As
eleições de 13 de janeiro de 1991 marcaram um virar de página essencial na
história deste país, fruto da coragem das nossas mulheres e dos nossos homens que,
mais uma vez, provaram que, não obstante as agruras do percurso, nunca se
deixam sucumbir diante dos desafios por mais duros que sejam, sempre sonhando e
acreditando que estes se decantem em realidade, e um futuro mais promissor
advirá”, afirmou o Presidente da Assembleia Nacional para quem essa conquista,
o da democracia e da liberdade, é obra de todos os cabo-verdianos.
Os Valores da Democracia e o Futuro do País
Austelino Correia enfatizou que a democracia não é um
dado adquirido, mas sim um processo dinâmico que requer vigilância e empenho
constantes de todas as gerações. "Nunca é demais lembrar que, apesar de
todas as vitórias que celebramos, a democracia e o Estado de Direito são sempre
obras inacabadas que demandam vigilância constante. A democracia é um sistema
frágil e, por mais sólida que possa parecer estar, está sempre sujeita a
riscos", disse.
O crescimento da desconfiança nas instituições, a
insatisfação popular e a falta de um verdadeiro diálogo político e social são,
para o Presidente da Assembleia Nacional, fatores que podem comprometer a
confiança do povo nas instituições de poder. Por isso, sugeriu, o envolvimento
de todos no processo de preservação e consolidação da democracia. Ademais,
acrescenta que, por ser preferível a outros sistemas e amplamente valorizada
pelos cabo-verdianos, segundo apontam os últimos dados do Afro-barómetro, ela deve
ser também cuidada.
“A Democracia precisa, pois, ser cuidada,
aprofundada!!!Mas sobretudo protegida. Porque se não o for, facilmente serão
exploradas as suas insuficiências, as suas lacunas, para destruí-la e tentar
enfraquecer as instituições democráticas e criar instabilidade política,
comprometendo a paz, a liberdade e a estabilidade”, adverte Correia sublinhando
a liberdade e o primado da lei como uma das vantagens ou, se quisermos, uma das
virtudes da democracia.
Responsabilidade Coletiva na Preservação da Liberdade
O Presidente da Assembleia destacou ainda o papel da
sociedade civil, dos partidos políticos e das instituições democráticas na
consolidação dos valores que o Dia da Liberdade e da Democracia representa.
“Todos, particularmente nós políticos, somos
convocados a proteger a democracia. É nossa obrigação fazê-lo. Fazê-lo de
várias formas. Normalizar as relações institucionais entre os órgão de
soberania; trabalhar para a credibilização das instituições democráticas e
públicas; desenvolver a cultura de respeito pela diferença; centrar os nossos
debates políticos na resolução dos problemas das pessoas; elevar o nível do
debate político; desenvolver a cultura de pertença ao país; respeitar a
liberdade de participação eleitoral e a escolha dos cidadãos; trabalhar para a
remoção mais acelerada dos obstáculos à criação de condições minimamente
igualitárias de integração e participação autónoma dos cidadãos na vida
social”, explicitou.
Austelino Correia insistiu no seu discurso que a
tarefa de preservação da democracia é de todos. No que toca ao Parlamento,
considera que a instituição que lidera tem um papel decisivo na defesa e
consolidação da democracia e deixou claro que o compromisso é com a construção
de uma sociedade mais justa, mais inclusiva e mais democrática.
“Sem parlamento não há democracia: temos e devemos
garantir aos cabo-verdianos o firme compromisso de cuidar da democracia. O
fortalecimento da democracia depende da nossa capacidade de preservar e
aprofundar o Estado de Direito e garantir o cumprimento das leis, sem exceções.
Devemos também ser agentes ativos no fortalecimento das instituições
democráticas e na promoção da transparência, da ética e da responsabilidade
pública”, frisou.
O Presidente da Assembleia Nacional aproveitou, neste
sentido, a ocasião para lançar o repto aos parlamentares: “que os grupos
parlamentares se entendam sobre a normalização do mandato dos titulares dos
órgãos externos (CNE, ARC, CNPD) e do Tribunal Constitucional. Temos o dever
moral e político de contribuir para o normal funcionamento das instituições”,
aconselhou.