A escritora aproveitou para
partilhar, também, as suas obras, dores e experiências no trabalho e no terreno
com jovens e adolescentes. Pediu, por outro lado, o apoio da Casa Parlamentar na
luta contra este flagelo
O Presidente da Assembleia Nacional ouviu, na primeira
pessoa, a socióloga e escritora Miriam Medina sobre os incontáveis casos de
violência contra meninas e mulheres que assolam o nosso país. Esses gritos de
dor estão plasmados nas três obras da autora sobre as quais a própria Miriam
Medina fez questão de abordar neste encontro com o Chefe de Casa Parlamentar,
mormente: “Violência no namoro”, “Violência obstétrica” e “Filhas da
Violência”, esta última que retrata a violência no contexto intrafamiliar com
foco no abuso sexual de menores.
A socióloga que vem desenvolvendo, há já vários anos,
trabalhos junto de jovens e adolescentes, nas comunidades e nas escolas através
de palestras (seja no país e na diáspora), relatou a sua experiência, dor e
angústia.
Disse Miriam Medina que “não basta contar histórias,
mas sim adotar medidas para se pôr cobro, de uma vez por todas, a esses males”.
Revelou que, infelizmente, “há meninas que passam situações difíceis nas suas
casas, um pouco por todo o país”. Histórias “tristes e angustiantes” que
descrevem a violência no namoro e o abuso sexual dentro de casa.
A socióloga e escritora falou, ainda, da dificuldade
em realizar o seu trabalho, tendo em conta a sensibilidade das questões
abordadas e os tabus que ainda existem na sociedade cabo-verdiana. Para além
disso, disse ter tido experiência “um pouco ingrata” no tocante ao apoio das
instituições, que lutam pela mesma causa, para com o seu trabalho.
Miriam Medina falou ao Presidente, Austelino Correia,
de uma das suas ambições para os próximos tempos que se prende com a impressão
das suas obras e a apresentação das mesmas na diáspora, com vista a chamar a
atenção da comunidade cabo-verdiana, sobretudo na Europa, para a situação em
que vivem muitas meninas e mulheres. Para essa jornada de apresentação e/ou
lançamento de livros, Medina espera contar com o apoio da Assembleia Nacional
cujo Presidente mostrou-se bastante sensibilizado e pronto a ajudar.
O Presidente da Assembleia Nacional afirmou, por seu
turno, que a violência contra meninas e mulheres é um assunto que o preocupa.
Assegurou que no âmbito do programa “Parlamento Aberto” tem procurado, nas
aulas magnas ministradas em escolas de vários municípios do país, despertar a
curiosidade dos adolescentes e jovens estudantes sobre a ética, a cidadania, a
política, a liberdade e a democracia, de entre outras questões que considera
terem estado a surtir bons efeitos.